terça-feira, 16 de abril de 2013

Utopia


E o sono não vinha. Ou seria ela quem não queria que ele viesse? Inquieta, pensativa, reflexiva ... Chata! Como pode alguém não saber ao certo o que quer? Metas: ela necessitava delas com muita urgência! Precisava fazer mais uma das benditas e extensas listas que tanto gosta de fazer, só que dessa vez é coisa séria... (não que de outras vezes não tenham sido. Pelo contrário: suas listas sempre a ajudaram muito). Estar mais perto da vida adulta do que de sua infância, assustava um pouco. Precisava haver um plano agora. Na verdade, ela tem mais ou menos um ... Mas não acredita em seu potencial o suficiente para simplesmente colocá-lo no papel e executá-lo. Há muito o que resolver, estudar, aprimorar. Enquanto isso, sua ampulheta do inconsciente, vai perdendo lentamente um a um dos grãozinhos preciosos. Sim, preciosos! O tempo é precioso demais. Ela sabe disso. Mas continua tratando o que realmente quer como utopia, mesmo sabendo que essa atitude não faz sentido algum. Enquanto pondera, decide qual será o primeiro item da sua lista: oração! O restante irá clareando e fazendo sentido aos poucos... Simples assim? Na verdade ela não tem certeza de nada . E sim, ter escrito algumas linhas lhe deu sono.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Abandonar navio?

   
   Enquanto ela decidia se escrevia ou não na terceira pessoa, ao mesmo tempo em que listava os principais questionamentos que não mais lhe tiravam o sono, mas sim a paz interior... Sua mente fervilhava ideias bagunçadas que não a levavam a nenhuma decisão. Ouvira tanto, e de tantas pessoas diferentes, mesmo sem ter pedido opiniões na maioria das vezes ... Mas a única coisa que fazia sentido naquele momento era um conselho que sua amiga lhe dera. Dizia mais ou menos assim: " Você não só pode, como deve ouvir a todos os que se preocupam com você, mas no fim, o que realmente contará será o que está no seu coração; isso sim você deverá seguir". Fazia realmente sentido, mas seguir o coração não seria algo fácil para ela.
   E assim, dia após dia ela permanecia em seu caótico stand-by, aonde não deixava claras suas intenções (o que se tornara algo impossível , já que nem mais ela sabia quais eram) e também não deixava as portas abertas para as novas possibilidades que aliás, estavam quase para por abaixo essas portas. Ela via tudo como desrespeito; não queria saber das tais "novas possibilidades", que insistiam sem desistência...    
    Recentemente ela fora obrigada a abandonar um navio, e não desejava que outro já estivesse a sua espera. Ela simplesmente queria, com o seu pequeno bote, explorar o oceano durante o tempo que lhe fosse necessário; olhar para a linha do horizonte e se perder em pensamentos quantas vezes lhe fossem necessárias; queria ficar enjoada por causa do movimento das ondas , ter insolações por estar desprotegida e desidratada... enfim, queria ser um náufrago em sua essência, seu clichê , sem variações. Afinal, nesse sentido, ela não era diferente de ninguém.
   Ela tem medo de estar somatizando a conquista do desapego emocional, medo de estar sendo exigente demais quanto ao que seria necessário para que ela tornasse a pensar em algo que acabara; aliás, o próprio "tornar a pensar" lhe amedronta. Ela tem medo de idealizar a ponto de esquecer que seres humanos não são perfeitos; medo de sua própria autorreferência, medo de não perdoar, de acabar perdendo de uma vez por todas algo de que nem tem mais a certeza se quer ; medo de acabar se desvalorizando; de acabar correndo, por  impulso próprio, atrás de algo que ela não deve mais correr.Medo vindo de todas as direções e sentidos (e "sentidos" aqui, é pra ser ambíguo).
   Mas apesar dos medos, ela também tem lá as suas convicções, e uma delas é acerca da existência do amor descrito em I Coríntios 13; aquele que dá sentido à existência, que é abnegado, paciente, que nunca desiste e que espera o quanto for necessário mantendo o foco somente em prosseguir a caminhada até o fim, ao lado de Deus. Ah, e ela sabe que esse amor deve ser mútuo.










Resiliência


Ela acordou certo dia e simplesmente não conseguia entender: ontem ela era bem pequenininha, dependia de todos para tudo (e odiava isso inconscientemente, pois nascera para ser independente)... Seus olhos, de tamanho normal, mas que sempre falaram muito, de repente não eram mais suficientes para resolver certas questões ; percebera que as dimensões de seu corpo haviam crescido simultaneamente
as de seus problemas. É... A menininha, teve que aprender a falar. Não que ela fosse muda antes, mas é que agora, tivera que encarar a expressão verbal como uma arte, caso contrário ela jamais conseguiria passar pela metamorfose. Sempre que teve um desafio, ela se convencia de que o mesmo era uma arte, e assim, conseguia, não superar, mas tirar uma lição de tudo aquilo que atravessava seu caminho.O olhar misterioso continua nela, porém, falar tudo o que pensa e sente transparentemente tem sido seu maior desafio, após ter percebido que a maior parte dos adultos não dispõem de tempo para olhar para os seus olhos e interpretá-los. Ela agora observa os adultos. Fala com eles... É "uma deles" .

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Paciência - Lenine


Mesmo quando tudo pede 
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para ...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo 
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder ?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara ...


Mesmo quando tudo pede 
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para 
A vida não para não...


Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder ?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara ...


Mesmo quando tudo pede 
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara
A vida não para não...

A vida não para...






domingo, 9 de dezembro de 2012

Dois dias e meio


Caixas, malas, roupas, sapatos, livros, canecos, naftalina, fita adesiva, tralhas. Separa, dobra, embrulha, joga fora, guarda, devolve, esquece, pega de volta...
O engraçado é que em meio a tudo isso ela só consegue pensar em como será rever, abraçar, olhar nos olhos, rir , enfim... Estar perto dele. De novo. E falta bem pouquinho... <3

domingo, 2 de dezembro de 2012

Bom Gosto



Ela organizava,calculava, escolhia, via se combinava... Gastava boa parte de seu tempo admirando o belo, fazendo perguntas a si mesma e tirando conclusões  sobre tudo o que seus olhos, de cor indefinida, conseguiam captar. Analisava bem, e quase sempre tinha a certeza de ter acertado em suas escolhas. O motivo dessa certeza? Ela não sabia.