domingo, 24 de junho de 2012

E se eu fosse um eu diferente ?

Cheguei em casa. Após um semestre inteiro de adaptações,conhecimento, reconhecimento de meu desconhecimento, pesquisa e muitas tarefas com as quais tive que cumprir, finalmente cheguei.
Meu oráculo (vulgo: quarto) estava exatamente como deixei . Inicia-se o processo de desfazer malas, organizar o armário, lembrar de coisas que eu tinha, ter lembranças provocadas por coisas que sempre estiveram ali, mas esqueci. Aliás, o tempo nos faz esquecer. Esquecer parcialmente , pois muito do que vimos e vivenciamos está muito bem guardado no encantado Mundo das Ideias (conceito de nosso querido Platão), ou não tão encantado assim , mas enfim ...
Tenho um baú grande de madeira, aonde guardei os brinquedos que mais marcaram minha infância, e os brinquedos mais bonitos também. Hoje resolvi abrir esse baú . Comecei a revirá-lo (O interessante é que sempre são encontradas coisas legais, que durante a adolescência foram taxadas como chatas e esquecidas completamente), e no meio dessas "reviradas" comecei a ouvir uma leve música. Pensei que fosse algum celular tocando, mas não demorou muito para que eu percebesse que o som vinha do meu baú. (Não preciso nem dizer que não sosseguei enquanto não descobri de onde vinha aquela musiquinha) ... Não sei o nome da música, mas ela é frequente nos musicais da Broadway até hoje. É evidente que se eu soubesse o nome da música, este seria o título do post...
Finalmente encontrei ! Era uma caixinha de música que pertenceu a minha bisavó . Vermelha, com uma pintura feita a mão na tampa e por dentro um forrinho de veludo vermelho (no compartimento para jóias) e uma plataforma lisa, aonde provavelmente houve uma pequena bailarina um dia dançando , devido a um ímã que provavelmente era o meio pelo qual ela deslizava .
Dei corda, abri a caixinha e escutei aquela melodia pelo menos duas vezes seguidas . Parecia que eu tinha descoberto hoje a existência de caixinhas de música . Ainda encantada, mas recobrando a consciência , pensei : " Como foi possível esquecer que existem caixinhas de música?" ..."Qual a quantidade de coisas que têm ocupado minha mente , e como isso aconteceu, a ponto de me fazer esquecer da existência de algo que fez parte da minha formação?" 
Obviamente não fiquei séculos ponderando . Esse "caimento da ficha", e essa mini reflexão, aconteceram em apenas alguns segundos.
Não sei exatamente aonde quero chegar ao escrever isso, mas o que realmente pensei foi : "Estou realmente esquecendo daquelas pequenas coisas que contribuíram para que eu não fosse um eu diferente" ?

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